CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
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quinta-feira

DEPOIS DO FIM


Brotou uma flor dentro de uma caveira,
Brotou um riso em meio a um De Profundis,
Mas o riso era infantil e irresistível,
As pétalas de flor irresistivelmente azuis...
Um cavalo pastava junto a uma coluna
Que agora apenas sustentava o céu.
A missa era campal: o vendaval dos cânticos
Curvava como um trigal a cabeça dos fiéis.
Já não se viam mais os pássaros mecânicos.
Tudo era findo sobre o velho mundo.
Diziam que uma guerra simplificara tudo.
Ficou, porém, a prece, um grito último da esperança...
Subia, às vezes, no ar, aquele riso inexplicável de criança
E sempre havia alguém reinventando o amor.

Mario Quintana
Nariz de Vidro – Ed Moderna 1984

DRUMOND E MARIO QUINTANA

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