CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
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domingo

UM POUCO DE MARIO 4


Quintana é o menestrel que descobriu a poesia de cada dia. Romântico, solitário, boêmio, inacessível. Vestido com apuro era facilmente encontrado de mãos para trás, do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Foi a partir do “Aprendiz de Feiticeiro” que ele descobriu esse imaginário do pensamento livre, da expressão direta, da “conversa ao pé do ouvido”, que certos críticos de sua obra tanto atacaram – mas que jamais o impediu de surpreender e cativar milhões e milhões de admiradores, desde aquele que prestigiava o “Caderno H”, publicado no jornal Correio do Povo, até os pequenos leitores de suas obras infantis, como “Pé de Pilão”. Mas a sua característica marcante eram seus comentários anedóticos, às vezes cáusticos, da poesia colhida aqui e ali, numa praça ou num boteco, desde seus tempos de boêmio: “os relógios são as máquinas de escrever do tempo. Estão sempre fabricando mortalhas”, ou, “a bomba abriu um rombo no teto, de onde se descortinava o céu azul que sorria para os sobreviventes”, ou ainda “o amor é a vitória da imaginação: ninguém consegue ter as qualidades que o amante sente na pessoa amada”.

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