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terça-feira

AS MÃOS DE MEU PAI


As mãos de Quintana - foto Liane Neves


“AS MÃOS DE MEU PAI” uma obra prima de Quintana sem dúvida. Através da observação tão minuciosamente poética das mãos do velho pai, “essa beleza que se chama simplesmente vida” Mario construiu essa pérola poética que não é para se ler apenas uma vez, pois, a cada leitura, mais profundidade se encontra nas estrofes.

AS MÃOS DE MEU PAI

As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já de cor de terra
- como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram da
nobre cólera dos justos
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza
que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços
da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los
contra o vento?
Ah! Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das
tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida – que transcende a própria vida
...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
Mario Quintana

Um comentário:

wallper.lima disse...

Olá Bernardo!
Lindo poema, onde sabemos que as mãos mostram o quanto vivemos o quanto trazemos em nós!
Abraços.
Waleria.