CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
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terça-feira


“O passado não reconhece seu lugar: está sempre presente...”

Verificamos aqui o sentimento do poeta, em relação ao passado irrecuperável, revelando por vezes um sentimento melancólico, mostra-se nostálgico em relação ao tempo que não existe mais, uma vez que nega indiretamente o presente, a modernidade. (Anna Faedrich Martins)

NOTAS DA CIDADE

O mais triste da arquitetura moderna é a resistência do seu material.
Havia, não me lembro agora se no País das Maravilhas, da Alice, ou se na Cidade de Oz, uma velha que morava num sapato. E nós que moramos em caixas de sapato!
Esses tetos baixos me abafam... De modo que só resido em casas antigas. Acontece que as casas velhas têm proprietários velhos, muito velhos, aliás, e por isso mesmo muito morredores. E seus herdeiros resolvem sempre vendê-las a construtores de edifícios.
Resultado: há anos que venho me mudando: sou uma pobre vítima do surto do progresso e do clamor do público.
Em todo o caso, como vocês já devem ter reparado, é nessas épocas de mudança arquitetônica que se dá a maior instabilidade social e individual,
E quando põem abaixo, então, a velha casa em que nascemos?!
Mario Quintana

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